CC Magazine: Fernando Folha
 

Fernando Folha




Dados biográficos: Fernando Manuel Parada Folha (18.01.1958)
Iniciação: Leixões SC.
Sénior: Leixões SC, Boavista FC, SL Benfica, Varzim SC, Beira Mar SC.
Internacionalizações: 1 internacionalização AA


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Na época ninguém imaginaria, mas no ano de 1958, viriam a nascer dois dos grandes ícones do pop mundial e que mudariam para sempre a história da música: Michael Jackson e Madonna. Também nos Estados Unidos da América, era fundada a National Aeronautics and Space Administration, popularizada pela sigla... NASA. Nesse mesmo ano, em Junho, na Suécia, um menino de apenas 17 anos de nome Edson Arantes do Nascimento ou simplesmente "Pelé", despontava para o mundo do futebol, ajudando o Brasil a chegar ao seu primeiro tiítulo mundial.

Por cá e ainda no futebol, o Sporting vencia o seu décimo título nacional, enquanto que o FC Porto, levaria para casa a Taça de Portugal. Em Matosinhos e no primeiro mês do ano, nascia Fernando Manuel Parada Folha. Começou a sua carreira no Leixões SC, representou o Boavista FC, onde venceu uma Supertaça, passou pelo SL Benfica e ainda vestiu as camisolas de Varzim SC e Beira Mar SC, chegando também a representar a nossa Selecção, por 1 vez.


 


Cromo dos Cromos: Nascido em Matosinhos, foi no clube da terra, que deu os primeiros passos como futebolista. Com que idade chegou ao Leixões?

Fernando Folha: Comecei no Leixões com apenas 12 anos, era Iniciado.


CC: Fez o seu primeiro jogo na 1ª divisão, corria a época de 75/76, quando o Leixões foi inicialmente treinado por Raúl Oliveira e depois pelo húngaro Janos Hrotko. Lembra-se da sua estreia?

Fernando Folha: A minha estreia foi frente ao Belenenses, tinha eu 18 anos. 


 


CC: Mas foi na época seguinte, pelas mãos de Joaquim Meirim, que se afirmou no nosso principal campeonato, quando fez 26 jogos e apontou 3 golos. Foi um treinador que o marcou, apesar da descida de divisão?

Fernando Folha: Comecei a jogar regularmente na 1ª divisão, pela mão do saudoso Joaquim Meirim, grande Homem e extraordinário psicólogo.


CC: Está mais duas épocas em Matosinhos, na 2ª divisão, quando em 79/80, é contratado pelo Boavista. Como surgiu a oportunidade de rumar ao Bessa?

Fernando Folha: Essa oportunidade surgiu após o Sporting de Braga se mostrar interessado em primeiro lugar. Após algumas conversações com os dois clubes interessados, optei pelo Boavista, pois era mais próximo de casa. Tinha apenas 20 anos. 


 


CC: Na sua primeira época no Boavista, comandado por Mário Lino, apontou logo 8 golos. Foi fácil a adaptação?

Fernando Folha: Não foi fácil, pois o Boavista estava recheado de bons jogadores, tive que trabalhar bastante e acima de tudo, tínhamos um treinador muito competente e exigente, o que se veio a  comprovar.



CC: É também nessa altura, que vence o seu maior título como profissional, a Supertaça Cândido de Oliveira, frente ao FC Porto. Recorda-se dessa partida?

Fernando Folha: Os grandes e pequenos jogos, estão visionados no nosso cérebro. Grande exibição do Boavista e o resultado foi de 2-1.




CC: Em 1980/81, tem a sua melhor época na 1ª divisão, quando faz 12 golos em 28 jogos e o Boavista fica em 4º lugar. Como lembra essa temporada?

Fernando Folha: Nessa temporada fiquei atrás do Gomes e Nené e com os mesmos golos do Júlio. O Boavista nessa temporada foi a quinta equipa que mais golos marcou. Ficámos atrás do Sporting apenas por um ponto. Foi um ano maravilhoso.


CC: É ainda nessa época, que é chamado por Juca, pela primeira e única vez à Selecção Nacional AA. Num particular frente à Bulgária, realizado no Estádio das Antas, o Folha, entra para o lugar de Oliveira e faz a sua única internacionalização, Lembra-se dessa partida?

Fernando Folha: Sim, empatámos 1-1, mas jogámos bem como sempre. Só que tínhamos um problema, nunca finalizarmos bem quando era necessário. É um problema nos acompanha (à Selecção) quase sempre.




CC: Nessas duas épocas em que esteve no Bessa, o Boavista marcou presença por duas vezes nas competições europeias (Taça das Taças e Taça UEFA). Como recorda esses jogos europeus?

Fernando Folha: Eram tempos extraordinários, eram a equipa das camisolas esquisitas, mas com o hábito começaram a respeitar-nos mais. Com a experiência adquirida, as outras equipas começaram também, a reparar mais nos jogadores portugueses.


CC: Depois dessas duas boas temporadas no Boavista, foi contratado pelo Benfica. Como foi rumar ao um dos chamados “grandes” do nosso futebol?

Fernando Folha: Foi maravilhoso ir jogar no clube escolhido desde menino. As coisas não correram muito bem derivado à adaptação, mas ter feito duas dezenas de jogos no “Glorioso”, deixaram-me maravilhado para a eternidade.


 


CC: Nessa altura, o Benfica era comandado pelo húngaro Lajos Baroti, e tinha no ataque nomes como Filipovic, Reinaldo, César, entre outros. Acabou por fazer apenas 8 jogos oficiais. Esperava ter tido mais oportunidades?

Fernando Folha: Não se tratou de ter ou não oportunidades, elas existiram, mas como a própria pergunta diz... a concorrência era enorme.


CC: Depois de apenas uma época na Luz, próxima paragem... Varzim. Comandado por José Torres, voltou a jogar com regularidade. Renasceu na Póvoa do Varzim, depois da passagem menos conseguida pelo Benfica?

Fernando Folha: O Varzim era um clube extraordinário sempre em dia e bem comandado e orientado, tanto no campo como na direcção. Só essa garantia, fazia com que o grupo de trabalho, que era excelente, pudesse contribuir com uma boa performance, quer colectiva, quer individual.




CC: Em 1984/85, faz menos jogos e o Varzim acaba por descer de divisão, numa temporada em que passaram pelo comando dos poveiros, José Alberto Torres e Mourinho Félix. Foi uma temporada complicada, não?

Fernando Folha: Nesse ano, algumas lesões, a saída do treinador para seleccionador... entre outras questões, abalaram o clube.


CC: Mas não ficaria por aí o seu percurso na 1ª divisão. Na época seguinte, comandado por João Alves, regressa ao Boavista. Como foi regressar ao Bessa, cinco épocas depois?

Fernando Folha: Nesse ano houve uma aposta do Boavista em ser mais forte, pois a presença nas competições europeias a isso obrigava e assim, também outros jogadores começaram a aparecer.


 


CC: Mas fez poucos jogos, nesta sua despedida ao nosso principal campeonato. A que se deveu essa época menos conseguida?

Fernando Folha: O regresso não foi famoso, enfim mas a vida é mesmo assim, quando as coisas não correm bem, há que mudar.


CC: 1986/87 é a sua última época como profissional (ndr: teve ainda uma curta experiência no Felguerias em 88/89). Foi para Aveiro representar o Beira Mar. Como foi essa sua última experiência?

Fernando Folha: Sim, como em tudo na vida, há o nascer e o morrer. Foi uma experiência óptima, mas com muito sofrimento, após a intervenção cirúrgica a que fui submetido.




CC: Numa entrevista ao Folha, não poderíamos deixar de colocar esta questão. Terá sido o primeiro, senão um dos primeiros, a festejar os golos que marcava com um mortal para a frente. De onde veio essa ideia?

Fernando Folha: Não foi nenhuma ideia em especial, era algo esporádico, pois fui um indivíduo ligado a ginástica desportiva. Estava no meu imaginário ser professor de educação física.


CC: Folha, o “Cromo dos Cromos” continua a teimar em manter viva a memória de todos aqueles que fizeram o nosso futebol, através da “colagem de cromos”. Que pensa no geral sobre este nosso projecto?

Fernando Folha: Tenho que vos felicitar pelo vosso projecto e que viva para a eternidade, pois só assim se mantém viva a verdadeira história do futebol. Não só os bons fazem a história do futebol, todos os jogadores fazem parte dela. Ao rever todos estes cromos faz-nos viver mais felizes pelo contributo e faz com que os mais novos possam vir a ser grandes jogadores, se não forem de certeza vão ser melhores desportistas e a respeitarem muito mais os adversários. O futebol serve para divertir e juntar no bom sentido um povo e várias nações.


CC: Para finalizar e, agradecendo mais uma vez toda a sua disponibilidade. Pode deixar umas palavras, para todos aqueles que habitualmente visitam este blogue?

Fernando Folha: Divirtam-se, coleccionem e ensinem os mais jovens, para mais tarde recordar. O meu muito obrigado a todos vocês.



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Entrevista: João Brites.
Texto: João Brites.
Agradecimentos: Fernando Folha.



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